Um cordial saravá a todos os irmãos de Senda.
Aqui quem vos fala é o Neófito com mais um papinho pra boi dormir, e esse papinho, obviamente, proferido por mim. [Risos]
Queria falar um pouco sobre essa necessidade que muitos terreiros ainda empregam aos seus filhos de trabalhar primeiramente com o caboclo e não com outra entidade.
Sim, a antiga prática determina que caboclo é o principal elo da corrente do umbandista, é a força, é aquele que chefia o seu ori e é aquele que “segura” o exú, tanto é que muitas liturgias umbandistas ainda associam o exú ao seu caboclo e não ao orixá, o que de certa forma, tem relação…
Eu também aprendi que o caboclo é o primeiro que deve descer e nunca o exú, quando o exú toma a frente, atrapalha a vida do médium. Talvez antes, isso era uma verdade, mas o Mundo Astral é dinâmico, muda a todo momento, tenho certeza que o Zélio tem acompanhado a Umbanda onde quer que esteja e nota a mudança natural que ocorreu nos dias atuais.
Hoje, a experiência me mostra que isso não é mais uma verdade, como eu fui pai pequeno e participei do desenvolvimento de muitos médiuns, presenciei médiuns abrindo o seu ori com outras linhas, eu mesmo, o primeiro que veio em minha matéria, foi o Sr. Zé do Coco, só semanas posteriores, o caboclo deu o ar da graça. Isso não prejudicou em nada a minha vida, inclusive dos filhos dos quais participei do desenvolvimento, meu irmão de sangue abriu o seu ori com Exú e não teve nenhum grande problema.
A Umbanda vem sofrendo grandes transformações, em grande parte, benevolentes que corroboram com o crescimento de todos, há alguns anos atrás, quem recebesse baiano estava recebendo eguns, eu mesmo que sempre fui adepto à Umbanda esotérica, daquelas que só trabalhavam com caboclos, pretos-velhos e exús, fui agraciado posteriormente com as sete linhas, recebi de presente um mestre juremeiro do qual nem imaginava, posteriormente a vinda de um cangaceiro e agora, quem diria, um malandro… Tudo é dinâmico no Universo e temos que sair desse “engessamento doutrinário” e estarmos mais receptivos e abertos para aquilo que o Mundo Espiritual nos proporciona!
No entanto, exigir que o primeiro guia do filho para abrir o ori seja um caboclo é o mesmo que exigir que o mesmo não trabalhe com pomba-gira (O que em se tornando comum a presença das guardiãs em matérias masculinas), os fundamentos modernos estão sobrepondo os ensinamentos antigos, a Umbanda tem sido uma mãe e abriga em seu sagrado seio a presença de espíritos que vem trabalhar para o bem, vem trazer a Palavra do pai, são os mensageiros do Orun e temos que ser flexíveis e abrirmos a cabeça para estarmos aberto às mudanças. Sou adepto da Umbanda desde 1997 e desde então vim presenciando gradativamente as intensas mudanças que vem ocorrendo na religião.
Mas isso é conversa para outra hora, o escopo do post é justamente para que os dirigentes abram suas cabeças, estejam abertos às mudanças que vem ocorrendo no Astral e que não sejam engessados, talvez o filho tenha uma maior afinidade com a linha das águas ou com a linha das almas, independentemente de qual linha abrirá o ori desse filho, cabe ao dirigente fornecer o discernimento necessário para que ele seja acima de tudo, um homem de bem e consequentemente a isso, um médium eficiente e comprometido com as tarefas que vestem o uniforme.
Lack´ech (Tradição Maia: “Eu sou o outro você” ou “Eu sou você e você é eu”)
Neófito da Luz
E ai irmão, vou contestar algumas coisas, é assim que nasce a luz não 😀
Primeiro, não concordo muito com “mas o Mundo Astral é dinâmico, muda a todo momento”, não que ele não o seja, mas não é ai o foco da questão, é mais a nossa capacidade de entender que vai melhorando e então vamos percepcionando as coisas de outro modo; “parabolando”: primeiro a gente ouve falar da cegonha, depois da sementinha… depois é a sementinha que o papai dá para a mamãe …. … … mas o jeito de fabricar bebés não muda.. só o entendimento..kkkk
Segundo, tudo começa na esquerda, ou seja, sempre vem exu primeiro. Exu é caminho, certo? Já viu caminhada sem caminho? O que pode acontecer é que devido a visão do terreiro ou do próprio médium não seja “conveniente” essa manifestação ser apercebida… eles sabem ser discretos. 😀
Depois tem outra coisa, que é “presenciei médiuns abrindo o seu ori com outras linhas,”. Vamos com calma, entidade não mexe em Ori, mexe Orixá e olhe lá:
“Ko sí Òòsà tí i dá´ni gbè léhìn Orí eni”
“Nenhum Orixá abençoa uma pessoa antes de seu Orí”
Entidade mexe em ARA – corpo ( chamemos-lhe Chacras).
Poderíamos ainda discutir o que representa, ou melhor em que áreas da vida do médium trabalha cada linha, e dentro disso onde se posicionam os caboclos (ou os pretos velhos). Mas isso dá outro post… 😉
É só uma opinião, não me levem a mal.
Namaste.
“Abrindo o Ori” é um termo muito comum aqui em São Paulo, irmão.
Quando se diz abrindo o Ori na verdade é “estreando a coroa” do medium! rsrsr
Força de expressão, mas o entendimento de exú ser o primeiro não significa que não pode ser um outro guia que possa vir primeiro.
A Umbanda tradicional prega que o exú é um trabalhador do outro pólo e deve ser somente evocado em urgência, com a popularização e mescla de outros cultos, o exú passou a ter um maior papel de destaque e sendo incorporante nos trabalhos umbandistas.
Forte abraço meu irmão e amigo lusitano! rrs
Obs: Pra mim você é um cara do candomblé e ainda não quer assumir! huauhahuauha