Umbanda

Doutrinando Guias e Orixás???

Saudações fraternais amados irmãos…

Muito se ouve o termo de doutrinar os seus orixás e mentores nos trabalhos mediúnicos. Mas que raios de autoridade nós temos para ensinar espíritos supostamente de luz que suspostamente viriam em nosso auxílio e dos quais necessitam de nossa doutrina??? Pra mim é no mínimo um paradoxo, eu chamo um professor de matemática porque tenho dificuldade em uma matéria mas eu tenho que ensiná-lo como agir com essa matéria. Paradoxal, não?

Isso ocorre muito na nação, o médium que se diz inconsciente, tem que vir o Iaô ou até mesmo o Babá ensinar a dança para o Orixá, e incrivelmente cada barracão de nação tem a sua forma peculiar de dança, mesmo seguindo os preceitos da tradição, mas cada casa coloca o seu “plus” no pé de dança do Orixá. É o Orixá que precisa desse ensinamento ou o médium? É o guia que precisa aprender a se comportar ou é a grande parcela do médium durante o fator mediúnico?

Muitas casas, quando o mentor chega pela primeira vez, o filho mais velho o ensina a saudar a casa, como faz as devidas saudações à assistência, ao atabaque, à entrada da corrente, entre outros fatores. Como saudar cada irmão da casa, será mesmo que o guia que precisa de tudo isso ou é a nossa mente inferior que cuida desse fator?

Todos nós sabemos que no começo somos totalmente conscientes, e apesar de muita gente da nação negar, pelas “curas” realizadas no roncó, pelo ejé (sangue) derramado na coroa auxilia na incorporação inconsciente, digo com total e absoluta certeza: Balela. É muito fácil falar que tá inconsciente sendo que o espírito que está supostamente incorporado não fala…

Sempre repito no blog, que a comunicação se dá com a firmeza do médium e o esclarecimento do guia, com o seu conhecimento, cada dia que passa, essa afirmação fica ainda mais evidente quando se presencia novos médiuns adentrando nas casas e repetindo o que os mentores mais velhos da casa fazem, isso gera um processo anímico intensivo e se não se atentar, acabamos virando fantoches de nosso próprio subconsciente, em suma, eu prefiro e muito que vocês firmem a cabeça a repetir o que os mais velhos e os guias mais antigos fazem no centro, é interessante ressaltar que serve como referência e não como BASE PRINCIPAL DE APRENDIZADO.

Isso devido a dois principais motivos:

  1. Você não sabe se ali, onde você se espelha, existe realmente tem uma entidade ou o médium em um processo anímico, o que significa que muitas vezes o guia atuando é na verdade o processo anímico do médium em piloto automático;
  2. Não necessariamente os seus mentores trabalharão de forma similar aos mentores mais antigos da casa, como sempre repito no blog, cada um tem a sua corrente mediúnica, o seu grau evolutivo, bem como o grau evolutivo dos mentores que te acompanham, a bagagem de aprendizado entre outros fatores.

Vale salientar que estou falando de ANIMISMO e não MISTIFICAÇÃO, existe um post no blog que relata essa diferença aqui. Muito observo nas casas, um caboclo pulando com uma perna só e quase todos os guias da corrente fazendo a mesma coisa, o estalar dos dedos durante o passe, a postura de mãos e braços, muitas vezes é perceptível cópias na casa. No começo é normal copiarmos, isso é um processo inerente a todo médium, mas ao passo que a mediunidade vai se desenvolvendo, é necessário dar o espaço necessário ao trabalho do mentor que está servindo durante a comunicação, nem todo marinheiro vem cambaleando, nem todo boiadeiro vem laçando e nem todo exú vem corcunda, isso é importante enfatizar a todo momento.

Também existe um processo de adaptação do mentor que você trabalha no chão que ele pisa, isso em virtude do respeito ao chão que ele está pisando e aos mentores que dirigem a casa, então ele pode adaptar algumas formas de trabalho para que fique dentro do processo da casa, aí pode entrar o fator do guia mais antigo da casa querer “doutrinar” o seu guia para trabalhar dentro da casa, e esse “doutrinar” é muito mais na cabeça do médium ao mentor que está ali irradiando, mesmo porque sabemos que no começo da mediunidade, é muito mais o médium que o mentor.

Existia um médium na casa logo quando comecei que trabalhava muito bem, os guias chegavam bonitos e isso é algo legal para se usar como referência, até o caboclo dele chegar e arrancar a camisa, ali eu já comecei a me questionar de todas as formas possíveis, toda vez que vinha, o caboclo rasgava a camisa, até eu refletir e perceber que ali não era entidade e sim a vaidade de um médium, mas mesmo assim, custou acreditar nessa possibilidade, já que ali era um médium que eu respeitava demais e achava linda as entidades dele, ou seja, toda aquela minha admiração nem era totalmente pelas entidades, muitas vezes talvez era a própria vaidade dele que me encheu os olhos, porém, não alimentou o meu coração e nem tampouco a minha sede de conhecimento.

Não há doutrina mais eficiente entre você e seus mentores do que a conversa, o conhecimento de ambos, o respeito de limites, se um médium tem um caboclo que pula de joelho e o mesmo tem problemas na mesma região, obviamente um guia de luz não vai pular para arrebentar o joelho do médium, e se assim o fizer, indubitavelmente levará a dor (Isso falando normalmente), há casos em que a entidade deixa a dor por alguma lição a ser apresentada ao médium.

É o que eu sempre digo aqui no blog, vejo muitas pessoas temerem as entidades, medo de sofrer represálias, nem brinca com a entidade com temor, vejam seus mentores como companheiros de jornada, como amigos espirituais e muitos dos quais já são seus amigos muito antes de você nascer, são verdadeiros irmãos e amparadores e não Deuses da Cólera que vem para punirem, afastem esse pensamento, tem que ocorrer o respeito, mas também a conversa mútua, o carinho e dedicação e isso se dá com velas, com orações, com pedidos e durante a incorporação, com conversa…

Seus guias não precisam de doutrina, eles já vêm doutrinados, quem precisa de doutrina é você, claro, salva raras exceções porque também existem mentores em início de carreira, mas para ser um mentor de luz, ele já passou por todo processo de aprendizado nas escolas espirituais, não chegará “cru” fazendo um monte de besteiras como muito dirigente acha que acontece.

Aprendam vocês o fundamento da casa, como funciona, exija do seu sacerdote os procedimentos e como funciona a cartilha da casa, você se sentirá mais seguro para incorporar e a comunicação será melhor, justamente porque você já sabe o que acontece, como acontece e porquê acontece, e lembrem-se sempre, “incorporação” é muito mais doação do médium, com isso, sejam um recipiente limpo para o seu mentor para que ele possa realizar um trabalho bem feito.

Apenas isso.

Abraços fraternos,

Neófito.

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This Post Has 2 Comments

    1. Olá Altair, já havia respondido em outro post que você realizou a pergunta:

      Olá irmão Altair, tudo bem?

      Pena Azul é um caboclo que pode vir na vibração de Ogum, Oxóssi ou Iemanjá, segue quase os mesmos princípios que o Sr. Pena Verde, o elemento pena em seu nome segue os mesmos princípios do post: http://www.umbandadochico.com.br/blog/2014/11/06/sarava-sr-pena-verde/

      Qualquer dúvida adicional, favor me escrever…

      Obrigado pela visita.

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