Umbanda

Palavras sobre Mediunidade por Pinga-Fogo.

Aranauam.

Estava procurando informações a respeito desse guardião do qual desconheço quase que completamente. Foi solicitado a mim realizar um trabalho com o Guardião Caveira e juntamente com essa solicitação, apareceu mais essa entidade.
Me deparei com um texto muito interessante e decidi postá-lo aqui, um texto do qual concordo veementemente e alguns posts antigos comprovam essa idéia.
Segue:

A Influência do Veículo Mediúnico – por Exu Pinga-Fogo

Após preparar seu caldeirão com fogo, no qual “lavou” seus pés e mãos, Seu Pinga-Fogo iniciou a palestra, proferida logo após a jira de caboclos.  Desejou-nos uma boa noite e suas primeiras palavras nos ofereceram o tema a ser desenvolvido:
A influência do veículo mediúnico na vida e nas atitudes de seus consultados

Jira de Caboclos – Homenagem a Ogum – 15 de Abril, 2002.

Se vocês desenvolvem a parte espiritual, se querem aprender a encaixar, a receber a sintonia—seja dos caboclos, pretos-velhos, ou qualquer das falanges trabalhadoras da Lei da Pemba—devem também aprender que efeito isso traz se o médium não está preparado.

Não basta só a fé e a boa-intenção, mas a consciência também é necessária.  Consciência de que a verdadeira sintonia com o plano astral, no sentido de atendimento em prol da caridade, tem que ser baseada na disciplina, disciplina, disciplina—setenta e sete vezes.  É na disciplina onde nós encontramos a responsabilidade e a consciência.

É muito bonito o fenômeno espiritual—a paz que os mentores nos trazem, o carinho, a amizade, a dedicação, as curas—mas a disciplina e essa consciência têm que ser exercitadas sempre, sempre.  O Rabi da Galiléia disse “orai, mas vigiai”—essa vigília deve existir sempre.

Quando uma pessoa está para ser atendida por um espírito, ela está depositando toda a fé dela na solução do problema que ela traz ali, naquele momento.  No momento quando vou atender uma pessoa, ela vai jogar para a mim toda a responsabilidade do problema e o que eu falar, ela vai fazer.  Agora: o espírito é a água e o médium, a jarra.  Se a jarra está suja, a água vai sair suja.  Temos que ter essa consciência porque ela vai agir na sua coroa, tanto na mediunidade consciente quanto inconsciente.  Mesmo se o médium é inconsciente, a responsabilidade também é dele.  “Ah, mas eu não me lembro…”.  Você não lembra, mas você está atuando, na sua parte espiritual.  Não existe o fenômeno sem a passividade mediúnica.  Seja o fenômeno de vidência, de audiência, de clarividência, de psicofonia, de sensibilidade, qualquer que seja, ele necessita da passividade mediúnica para acontecer.  Vamos estar conscientes disso: da responsabilidade.  Façamos como Francisco de Assis, sejamos humildes e primeiro peçamos ao Pai: “Senhor, fazei de mim um instrumento de tua paz”.  Com o coração envolvido de amor e olhando no próximo uma pessoa que precisa de evolução, nós podemos, então, chamar as nossas entidades e atender.  Mas devemos ter o cuidado, junto aos nosso guias, de sempre motivar a pessoa para o progresso e para a evolução.  O espírito nunca define a situação para ninguém—isso seria uma transgressão do livre-arbítrio de cada um.  O médium deve ter cuidado, porque as pessoas perguntam e perguntam muito.  Elas querem saber de tudo, elas querem a resposta “certa”.  Elas querem tirar delas mesmas a responsabilidade dos seus próprios atos—inconscientemente, mas é isso que acontece: “eu posso fazer, mas o espírito não me falou pra fazer…”  Em todo o setor, o livre-arbítrio é uma lei, seja nos sentimentos, seja nos problemas materiais.  Lembrem sempre, meus filhos, da vigilância e da disciplina, sempre.

Vamos nos livrar da vaidade, a vaidade que leva o médium ao ponto de pensar que sem ele, não haveria o fenômeno; que se não fosse ele, que por causa dele, que… a, sim, você começa a se distanciar dos verdadeiros princípios do amor.  A humildade é a base.  A minha capa é amarela, bonita; a luz do sol, brilha; e nem tanto deixa de valer mais que o ouro que está guardado no cofre e ninguém vê [1]. Fazer a caridade necessita força e fé.  Não é a qualidade de fenômeno mas, sim, o que você está jogando para a pessoa.  Vocês estão se preparando para a vida do Santo, junto com essa vida de atendimento.  Não é pôr o pé no fogo que vai determinar se o espírito está ali ou não, é o que ele vai falar, o que ele vai fazer.  Não é o número de mandingas que você vai passar para a pessoa fazer de segunda a sexta-feira, mas é o que você vai tocar no coração dela com sua palavras.

A principal coisa que o médium tem que aprender é amar, amar.  Amai-vos uns aos outros, como o Rabi vos amou.  Sempre use a força de Exu, a força determinante que há de proteger vocês das emboscadas, pois o mal existe e está por aí: o mal feito, a bruxaria, o vudu.  Peça a Exu a proteção, sempre, o dono dos caminhos.

Vocês vão ser muito felizes, fazendo o bem sabendo que estão realmente fazendo o bem.  Cuidado para não se iludirem: fujam do fanatismo e fujam também do comodismo.  Nós não devemos ser fanáticos, mas também não devemos ser comodistas.  A nossa reforma moral foi pra ontem.  Não julguem.  Cada um tem o seu momento, cada um tem o seu ponto, mas vamos fazer o melhor de nós.  Vamos nos preocupar mais conosco do que com os outros, e, se a pessoa erra, vamos dar apoio a ela através do nosso exemplo e do nosso perdão.  Vamos seguir o caminho da vida e vamos viver felizes, em paz e alegres.  A fé independe da quantidade de orações, da quantidade de jiras que você faz por semana, da quantidade de banhos de descarrego que você toma, mas da qualidade de seus pensamentos ao encarar a vida, ao encarar você mesmo, ao encarar o sol que se põe e a noite que entra, e as pessoas que vivem ao seu redor, porque elas são as fontes da sua evolução.  É através das pessoas que estão ao nosso redor que nos é dada a oportunidade de desenvolver a nossa paciência, nossa compreensão, nossa humildade, nosso perdão.  Porque se não for por elas, vão ter que trocar as pessoas, porque vai ter que ser por alguém.  Mas por trás desse alguém tem um passado, ou seja, um presente, porque nós somos tudo aquilo que nós fomos, e o que nós vamos ser vai depender de nossas atitudes, do que nós construimos a cada dia, na nossa fé.

Usem essa jira, filhos, esse contato com a espiritualidade superior, esse contato em que cada caboclo vem abraçar seu filho e vocês percebem, na matéria, como a força grande.  É o contato que vem mostrar a cada um que a vida existe, ela compensa.  Nós não temos tempo a perder com tristeza, com desânimos, com indagações que não vão nos levar a lugar nenhum.  Vamos construir, sempre, vamos nos ajudar.  Vamos amar ao próximo e ajudar as pessoas que estão em nossa volta, da melhor maneira possível.  Aproveitem esse momento de axé.  Aproveitem esse momento de cada mês quando vocês vêm se abrir para o plano espiritual e deixem que as melhores qualidades de seus corações se desabrochem.  Permitam que essa mesma vibração, esse bem-estar que todos sentem neste trabalho possa transcorrer no dia-a-dia de vocês, como uma rotina.  Você acorda e escova os dentes; pois você vai aprender a acordar e pensar em felicidade.  Lembre da linha que eu disse do fanatismo: não é você falar só sobre espiritismo, não é você comentar só sobre esse assunto; não é só esse assunto que é positivo, tudo que é positivo é positivo.  Nós devemos viver, vamos viver a vida, respeitando e amando, sempre.  E aí, filhos, o fenômeno mediúnico se encaixa numa perfeita sintonia com as mais bem-intencionadas almas no propósito de colaborar na mediunidade de vocês ao auxílio do próximo; aí, sim.

Que Ogum, com sua força, com suas armas, possa defender o caminho e o propósito de cada um.  Que a força desses lanceiros possa iluminar esse trabalho.
[1] Com o intuito de facilitar a compreensão dessa frase (de alto valor metafórico e, consequentemente, de significado subjetivo e potencialmente obscuro) o editor toma a liberdade de apresentar sua interpretação pessoal, a qual deve ser analisada criticamente pelo leitor.  No contexto da importância da humildade no serviço mediúnico, o ouro representa o médium vaidoso (com um valor potencial, somente; de certa forma artificial, aparente, ilusório), que não é útil para o serviço ao bem do próximo (está no “cofre”, inacessível ao uso pelo Plano Maior).  Já o médium humilde (como a luz do sol), embora seja pouco valorizado pela maioria dos homens, está constantemente a serviço do Bem.  Como a luz do sol, esse médium trabalha sem cessar e sem buscar recompensa, beneficiando a todos, indiscriminadamente; como a capa de Seu Pinga-Fogo, ele é simples mas, em sua simplicidade, traz em si a beleza natural de tudo que serve de instrumento ao trabalho do Plano Maior.

Extraído do site: http://www.umbandausa.com/index.php?option=com_content&view=article&id=131:influencia-do-veiculo-mediunico-exu-pinga-fogo&catid=70:exu-&Itemid=29

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